O Luto antecipatório na Demência
Hoje, aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com um diagnóstico de demência, e esse número pode triplicar até 2050.
A demência é uma condição que impacta profundamente tanto a pessoa acometida quanto a sua família e cuidadores, afetando os aspectos cognitivos, emocionais, psicológicos, funcionais, sociais e financeiros.
O estigma associado ao diagnóstico torna a jornada ainda mais desafiadora, fazendo da demência uma experiência única e complexa. Diferente do luto que ocorre após a perda de uma pessoa, o luto na demência é contínuo, prolongado e marcado por sucessivas perdas.
Esse luto começa no momento do diagnóstico e se estende ao longo de toda a trajetória da doença.
Tanto a pessoa com demência quanto seus familiares e cuidadores frequentemente vivenciam esse luto à medida que enfrentam as mudanças cognitivas e a iminente perda da identidade, das habilidades e da autonomia. A cada novo sintoma, a cada mudança de estágio e com o aumento das demandas de cuidado, à medida que a doença evolui, a sensação de impotência desencadeia sentimentos de medo, de raiva, de culpa e de frustração nas pessoas com demência e em seus cuidadores.
Devido à sua natureza multifatorial, o luto na demência exige suporte e apoio qualificado de profissionais de saúde de diversas áreas, seja por meio de tratamento farmacológico ou não farmacológico.
O cuidado integral, que inclui o conhecimento e o suporte ao luto vivido tanto pela pessoa com demência quanto por sua família e cuidadores, requer espaços dedicados à formação, atualização e sensibilização dos profissionais de saúde. Ao assegurar que os profissionais de saúde estejam capacitados para promover uma abordagem humanizada, as mudanças necessárias no cuidado poderão ser orientadas.
