
Muitas famílias optam pelas Instituições de Longa Permanência (ILPIs) quando o cuidado da pessoa idosa em casa não é mais viável física, emocional e/ou financeiramente. Não existe uma solução “tamanho único”. Cada família toma esta decisão a partir da situação e das circunstâncias individuais vividas.
O momento de institucionalizar uma pessoa idosa exige uma tomada de decisão que pode estar carregada de emoção, culpa e ansiedade. Listamos algumas condições que devem ser consideradas para que a transição para uma ILPI seja menos estressante.
Esteja atento a alguns sinais de alerta importantes e avalie esta possibilidade quando:
- As limitações funcionais da pessoa idosa a colocam em risco de acidentes diante das barreiras ambientais (escada, piso escorregadio, batentes, etc) e comprometem sua segurança e proteção. As limitações da pessoa demandam o apoio, suporte e revezamento de cuidado, além de exigir técnica e qualificação para manejo devido às demandas físicas, como por exemplo, para transferência, banho,vestir e despir, ida ao banheiro, entre outros. No caso dos comprometimentos cognitivos as demandas podem ser desafiadoras e estressantes para a família.
- O custo emocional, mental e físico do cuidado é normalmente vivenciado por cônjuges e filhos(as). Lidar com os sintomas comportamentais e psicológicos, como por exemplo, síndrome do pôr do sol, perambulação, agressividade física e/ou verbal, insônia, delírios e alucinações é muito desgastante para a família. Quem cuida pode apresentar sintomas como ansiedade, irritabilidade, perda de interesse e isolamento social, afastamento de amigos e familiares. Pode desencadear problemas conjugais e familiares, como relacionamentos tensos, bem como abuso de substâncias ou álcool. Ficar atento a estes sinais é fundamental para a busca de ajuda e de apoio no cuidado ao idoso e para o próprio autocuidado.
- Além das demandas acima descritas, o custo financeiro dos cuidados pode se tornar inviável, especialmente quando as famílias precisam de cuidados especializados e de cuidador profissional em casos mais graves ou na evolução de uma doença.
O QUE AVALIAR NA ILPI
O processo de encontrar uma ILPI pode ser cansativo, demorado e emocionalmente estressante.
Algumas perguntas auxiliam durante a seleção da ILPI, de acordo com as demandas apresentadas pela pessoa idosa e pela família:
- Os profissionais que prestam serviços na instituição são qualificados? Quem são os profissionais que compõem a equipe e os serviços disponibilizados?
- Como a instituição lida com a adaptação nas primeiras semanas?
- O ambiente promove a cultura da empatia, paciência e carinho?
- Existem outros residentes semelhantes àqueles de quem você cuida em termos de requisitos de cuidados, nível intelectual, religião e interesses?
- Quais são as regras de visitação?
- O espaço é adaptado para circulação de pessoas idosas com limitação motora e/ou cognitiva, como: rampas; sinalizadores visuais? Cadeiras de rodas e de banho?
- O que está incluído no contrato e o que é considerado extra?
- Como as refeições podem ser adaptadas às preferências ou restrições alimentares?
- Quais são as regras de rescisão do contrato?
- Quais são as suas medidas de prevenção e controle de infecções, por ex, na pandemia?
As respostas a estas perguntas direcionam e orientam uma escolha satisfatória, além de trazer a sensação de segurança de estar conduzindo de forma racional.
Se a pessoa idosa tem um quadro demencial é crucial encontrar uma instituição cujos profissionais saibam lidar corretamente com indivíduos com alterações cognitivas e manejo de comportamento.
O manual de fiscalização das ILPIs recomenda:
- Conforme o grau de dependência dispor da seguinte quantidade de cuidadores: a) Grau de Dependência I: um cuidador para cada 20 idosos, ou fração, com carga horária de 8 horas/dia; b) Grau de Dependência II: um cuidador para cada 10 idosos, ou fração, por turno; c) Grau de Dependência III: um cuidador para cada 6 idosos, ou fração, por turno;
- Dispor de um responsável técnico com carga horária de 20 horas por semana; um profissional de limpeza para cada 100m2 de área interna ou fração por turno diariamente; um profissional de alimentação para cada 20 idosos, garantindo a cobertura de dois turnos de oito horas; um profissional para o serviço de lavanderia para cada 30 idosos, ou fração, diariamente; um profissional da saúde devidamente registrado em seu conselho de classe;
- As normas de condições gerais contemplam o respeito à liberdade de credo e à liberdade de ir e vir, desde que não exista restrição determinada no Plano de Atenção à Saúde; a preservação da identidade e a privacidade do idoso, assegura o ambiente de respeito e dignidade; promoção de ambiência acolhedora; possibilidade da convivência mista entre os residentes de diversos graus de dependência e a integração dos idosos nas atividades desenvolvidas pela comunidade local; o desenvolvimento de atividades conjuntas com pessoas de outras gerações; incentivando e promovendo a participação da família e da comunidade na atenção ao idoso residente; desenvolvimento de atividades que estimulam a autonomia dos idosos; oferta de condições de lazer para os idosos tais como: atividades físicas, recreativas e culturais, garantia de atividades e rotinas que previnem e coibem qualquer tipo de violência e discriminação contra pessoas nela residentes.
Sabendo que a institucionalização e o próprio processo de transição é bem desafiador para muitos idosos e suas famílias. Se você seguir esse roteiro complementando com outras dúvidas pode facilitar a avaliação e escolha da melhor ILPI para o seu idoso. Uma ILPI quando bem avaliada e escolhida favorece uma adaptação leve do idoso a este novo ambiente de vida e traz menos culpa à família.
Veja o manual completo de fiscalização das instituições de longa permanência em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/pessoa-idosa/manual-de-fiscalizacao-das-ilpis.pdf