Delirium

Blog
julho 22, 2024
delirium in senior

O que é?

É uma síndrome caracterizada por uma alteração aguda e repentina na atenção, na consciência e na cognição que podem se manifestar como desorientação, dificuldade de compreensão, prejuízo de memória e mudanças no comportamento e de personalidade.

Delirium e demência são duas causas frequentes de comprometimento cognitivo entre as pessoas idosas e têm uma relação distinta, complexa e interconectada. Enquanto o Delirium é um estado confusional agudo caracterizado por desatenção, disfunção cognitiva e um nível alterado de consciência, a demência é uma perda insidiosa, crônica e progressiva de uma habilidade cognitiva previamente adquirida. O Delirium em indivíduos com demência pode acelerar a trajetória do declínio cognitivo subjacente.

Causado por uma condição médica que não pode ser explicada pelo distúrbio neurocognitivo pré-existente, o Delirium tendem a flutuar em presença e gravidade e está associado a considerável sofrimento em pacientes e cuidadores.

Quais são os fatores de risco?

O risco de Delirium é determinado por fatores predisponentes e por fatores precipitastes. Os fatores de risco predisponentes para o Delirium incluem a idade, o comprometimento cognitivo (tal como a demência), a fragilidade, as comorbidades (incluindo doenças cardiovasculares e renais), a depressão ou outras doenças psiquiátrica, o uso de álcool, o mau estado nutricional, a deficiência visual e a deficiência auditiva. O risco total depende do número de fatores de risco em cada indivíduo e da gravidade do quadro clínico.

Como é feito o diagnóstico?

O processo de diagnóstico envolve duas etapas fundamentais:

1. A avaliação clínica do paciente desde a beira do leito até mesmo em seu domicílio para determinar o nível de atenção e de excitação e a presença de déficits cognitivos, de características psicóticas ou outras anormalidades do estado mental;

2. A evidência de alteração aguda da atenção e consciência (que pode variar em presença e gravidade) é pesquisada com o paciente, com os cuidadores, nos registros de prontuários médicos ou da equipe de saúde que acompanha o paciente.

Após o diagnóstico, uma avaliação mais aprofundada do paciente para obter mais detalhes sobre o perfil individual do Delirium permitirá o plano de manejo específico.

O Delirium continua a ser subdiagnosticado e não detectado. Diversas razões são consideradas, incluindo a falta geral de formação em Delirium em todos os níveis, a ausência do ensino da síndrome na graduação dos profissionais, na atitude como a percepção de que o tema Delirium “não é propriedade” de certas especialidades ou grupos profissionais, ou do uso de termos alternativos imprecisos tal como “confusão” e até mesmo a falta de percepção da importância do Delirium.

Prevenção

Intervenções multidisciplinares, multicomponentes e não farmacológicas foram desenvolvidas para prevenção do Delirium e mostraram redução na incidência e na duração do Delirium, além de reduzirem o declínio funcional em pacientes idosos. As intervenções variam no número de componentes incluídos, mas a maioria inclui cuidados individualizados e educação (ver abaixo em tratamento não farmacológico)

Existe tratamento farmacológico para o Delirium?

Os tratamentos com medicamentos (tais como os antipsicóticos) não são eficazes e refletem as lacunas na compreensão da fisiopatologia do Delirium, apesar de extensos estudos publicados sobre o assunto.

O tratamento não farmacológico

As melhores estratégias de gestão de Delirium são as intervenções multidomínio que se concentram no tratamento das condições precipitantes, na revisão de medicamentos, na gestão dos sofrimentos, na mitigação de complicações e na manutenção do envolvimento com o ambiente.

Os pacotes de intervenção variam entre os estudos, mas incluem componentes como fisioterapia, reorientação para a realidade, estimulação cognitiva, mobilização precoce, promoção não farmacológica do sono, correção de deficiências sensoriais, identificação e tratamento de causas subjacentes ou complicações pós-operatórias, controle da dor, prevenção de constipação, hidratação, nutrição e fornecimento de oxigênio (tanto em hospitais quanto em domicílio, quando necessários).

A implementação eficaz de estratégias de detecção, prevenção e tratamento do Delirium continua a ser um desafio para os profissionais e para as organizações de saúde em todo o mundo. Está claro que uma implementação exitosa da detecção, do tratamento e da redução de riscos do Delirium é um desafio complexo que exige um programa educativo para formação e qualificação dos profissionais.

Fontes:

Wilson, J.E., Mart, M.F., Cunningham, C. et al. Delirium. Nat Rev Dis Primers 6, 90 (2020). https://doi.org/10.1038/s41572-020-00223-4

Fong, T.G., Inouye, S.K. The inter-relationship between delirium and dementia: the importance of delirium prevention. Nat Rev Neurol 18, 579–596 (2022). https://doi.org/10.1038/s41582-022-00698-7