Os terapeutas ocupacionais que atendem a população idosa devem inserir o cuidador familiar no contexto da avaliação e do tratamento por serem responsáveis por cuidar. Muitos cuidadores têm sido contemplados nos atendimentos apenas como informante.
Porém, a inclusão desse indivíduo como cliente potencial diante da necessidade de suporte e orientação para o autocuidado, merece destaque dentro de um processo de intervenção personalizada. A abordagem de reabilitação cognitiva funcional aqui proposta traz a implementação de uma prática que oferece o suporte prático, emocional e educacional aos cuidadores, para que sejam capazes de lidar com os desafios associados ao cuidado singular do familiar com uma condição crônica.
Aspectos metodológicos a serem considerados:
- Avaliação da sobrecarga do cuidador:
- Aplicação de instrumentos de avaliação para compreender a sobrecarga física, emocional, de luto antecipatório e o impacto destas sobre a rotina e cotidiano de quem cuida de acordo com a fase/estágio da doença.
- Manejo de alterações comportamentais:
- Avaliação de aspectos ambientais, do cuidado e da pessoa com demência que podem favorecer o surgimento de alterações de comportamentos.
- Vivência e exercício prático de técnicas de manejo, além da utilização de planilhas para o controle e organização das demandas.
- Capacitação do cuidador para a realização da rotina diária com o idoso
- Após avaliação personalizada aplicada pelo terapeuta ocupacional, o cuidador é orientado para a implementação de programação de atividades de autocuidado e de gerenciamento da vida (de trabalho, de lazer, de participação social e/ou cultural, entre outras).
- Acompanhamento, supervisão e reavaliação contínuas pelo terapeuta ocupacional junto ao cuidador o instrumentaliza para o aprendizado da mediação cognitiva e da assistência física necessárias para a manutenção do desempenho do idoso.
- Estratégias para gerenciamento da rotina
- Gerenciamento e priorização das atividades significativas, organização de tarefas.
- Desenvolvimento de estratégias de enfrentamento:
- Identificação e aplicação de estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com o estresse, a fadiga e as demandas emocionais associadas ao cuidado de longo prazo.
- Educação sobre a doença:
- Informações sobre a doença, seu curso natural, sintomas esperados e possíveis desafios futuros.
- Promoção da saúde mental do cuidador:
- Oferta de suporte emocional para incentivar a busca de redes de apoio, para participação em grupos de apoio e para práticas de autocuidado.
- Estímulo à comunicação aberta e uso da linguagem positiva:
- Comunicação aberta entre todos os envolvidos no processo do cuidado, de forma a inserir a pessoa com demência no centro, valorizando seus desejos, a partir de uma linguagem clara e no contexto positivo da doença para promover a inclusão e a acessibilidade.
- Desenvolvimento de redes de apoio:
- Identificação e fortalecimento de redes de apoio, incluindo familiares, amigos e recursos comunitários, para minimizar o isolamento do cuidador.
- Planejamento dos cuidados avançados:
- Orientação para transição de cuidados e opções de cuidados a curto, médio e longo prazo, considerando questões legais e discussão de alternativas para o cuidado contínuo.
Essas intervenções são projetadas para serem centradas no cuidador, reconhecendo suas necessidades de suporte amplo para o seu desempenho funcional de maneira eficaz, saudável e inclusiva.